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Crítica: "Animais Fantásticos" traz pontos inéditos de "Harry Potter". Isso salva o filme?

"Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore" chegou aos cinemas em 14 de abril, com uma estreia tímida e aquém de outros filmes da franquia. A história, que se passa anos antes dos acontecimentos de "Harry Potter", mostra a vida de Newt Scamander (Eddie Redmayne), um magizoologista que se torna peça chave na luta contra o domínio de Gerardo Grindelwald (Mads Mikkelsen).


Nessa jornada, vemos uma versão mais jovem do famoso Alvo Dumbledore (Jude Law), que viria a se tornar um dos diretores mais importantes de Hogwarts. O terceiro filme, em específico, planeja contar muito mais detalhes do passado do mestre de Harry Potter que, em grande parte da saga original, permanece misterioso e distante.


Apesar do desempenho inferior aos demais "Animais Fantásticos", o longa continua como sucesso na bilheteria nacional - provavelmente em decorrência da primeira bruxa brasileira, Vicência Santos, interpretada pela Maria Fernanda Cândido. Então, a dúvida é: "Os Segredos de Dumbledore" conseguiu dar um up necessário na franquia ou consolidou o fracasso da narrativa?


Vem ver o que achamos de bom - e de ruim - no novo filme do universo de "Harry Potter"!

Divulgação: Warner Bros.

Pontos inéditos de "Harry Potter"


Um ponto que muitos fãs do livro de "Harry Potter" levantam é a falta da história de Dumbledore nos filmes. Nas obras literárias, o seu passado é muito mais detalhado e conseguimos conhecer mais sobre o bruxo e toda a sua família. "Animais Fantásticos", por exemplo, traz pela primeira vez informações profundas sobre Ariana, irmã de Alvo, para o universo cinematográfico.


O longa também adiciona alguns fatos que não constam no livro, como o fato de Ariana ser um "obscurus" ou do irmão de Dumbledore, Aberforth (Richard Coyle), ter um filho que foi abandonado. No geral, as informações - originais do livro e inéditas - dialogam bem. Talvez isso possa ser atribuído a Steve Kloves, roteirista de outros filmes de "Harry Potter" que se juntou ao projeto ao lado da polêmica J.K Rowling.


Amor entre Dumbledore e Grindelwald


E não é que realmente veio aí? Muitos do fandom tinham a teoria de que Dumbledore e Grindelwald tinham se apaixonado quando adolescentes, já que ambos tiveram uma história muito intensa anos antes de seguirem para caminhos diferentes. O terceiro filme de "Animais Fantásticos" confirmou a hipótese de um jeito bem direto. Achei que eles poderiam desconversar ou deixar subentendido, mas Dumbledore fala com todas as letras que era amor mesmo. Tem até imagem dos dois no espelho Ojesed.


Mas, apesar de não ser uma técnica de queerbaiting, queria ver mais dessa história. Por outro lado, vale lembrar que a cena de poucos segundos em que o bruxo confessa o relacionamento foi cortada na China, então, estender o romance poderia dar problemas, infelizmente. No país asiático, a Warner afirmou que queria "preservar" os telespectadores.



Falando em Grindelwald, é impossível não comentar a chegada bem-vinda de Mads Mikkelsen, que veio substituir Johnny Depp. O ator estadunidense se envolveu em polêmicas, incluindo acusações de violência doméstica e processo infundado contra jornal britânico. Mas para além da vida pessoal - que por si só justificaria a substituição no 3º filme - o ator de "Hannibal" simplesmente combina com o papel. A Variety, por exemplo, questionou por que Mikkelsen não foi escalado desde o começo.


Representatividade brasileira... só que não!


Falamos de Vicência Santos, feiticeira brasileira que concorre ao cargo de Chefe da Confederação Internacional dos Bruxos. Legal, né? Na teoria, é sim. "Animais Fantásticos" quebrou a barreira nacional da Inglaterra - que só conseguimos ver balançar em "Harry Potter e o Cálice de Fogo" - e mostrou que, sim, existem bruxos por todo o mundo.


Mas a representatividade brasileira simplesmente ficou aquém do esperado. Se Vicência fala mais de 8 palavras no filme é muito e em nenhum momento a nossa cultura é mencionada ou ganha tempo de tela. O mais legal é no final, após a eleição de Santos, que vemos bruxos comemorando no Parque Lage. Mas acabou por aí.

Divulgação: Warner Bros.

Sumiço de Tina e polêmica nos bastidores


A brasileira não foi a única que sumiu em "Animais Fantásticos". E também não estamos falando nos animais fantásticos de Newt, que fazem tímidas aparições no longa. A sumida da vez foi Tina Goldstein, protagonista dos dois primeiros filmes. A gente percebeu que Katherine Waterston não apareceu em nenhum teaser ou trailer, o que fez com que muitos acreditassem que ela não faria "Os Segredos de Dumbledore". Ela faz. Mas é como se não fizesse.


A falta de Tina é nítida e mal explicada. Boatos acreditam que o posicionamento da atriz contra os comentários transfóbicos de J.K Rowling podem ter impactado na decisão. Vale lembrar que a autora britânica continua como roteirista da saga, apesar das falas preconceituosas que ela insiste em emitir nas redes sociais.



Resumindo: "Animais Fantásticos e Os Segredos de Dumbledore" melhora o desempenho deixado pelo 2º filme, mas ainda deixa muitos buracos. Se a saga continuar - já que tem críticos apostando que pode ser o fim - há uma grande missão pela frente. Ou seja, fechar as pontas soltas para chegarmos à batalha final de Dumbledore e Grindelwald, ex-companheiros, amantes e, então, inimigos.



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