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Semana de Visibilidade Assexual: 5 noções erradas que ainda temos sobre o tema

Por Beatriz Cardoso e Luísa Silveira


Do dia 25 a 31 de outubro se comemora a Semana de Visibilidade Assexual. O movimento, criado pela organização americana Ace Week, busca trazer maiores debates, conversas e distribuições de materiais sobre o tema, a fim de ajudar uma causa bem esquecida, até mesmo pela própria comunidade LGBTQIA+. A assexualidade é uma orientação sexual que consiste em ter atração sexual ausente, condicional ou parcial por outras pessoas.


Apesar de ainda desconhecida, uma pesquisa da USP apontou que 3% a 8% dos brasileiros são assexuais. Entre as pessoas que se identificam como mulheres, a taxa é maior. Esse estudo é um dos primeiros que aparecem em uma busca no Google sobre o tema mas, sinceramente, não é o melhor.


Para começar, a pesquisa foi feita pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital Universitário. Só com essa informação, muitos podem partir do princípio que assexualidade é uma doença, o que não é verdade. Depois de anos de luta para retirar a homossexualidade do rol de doenças psiquiátricas brasileiras abandonando o termo "homessexualismo" , vemos que ainda temos muita luta pela frente.


A ideia de que assexualidade é uma doença é apenas um dos vários estereótipos e noções nocivas que ainda alimentamos sobre essa orientação sexual. Por isso, aproveitando a semana especial, trouxemos cinco preconceitos que muitas pessoas ainda têm sobre quem é assexual, a fim de explicar melhor o tema.


Bandeira do movimento assexual | Foto: reprodução

1. "Todo assexual precisa de tratamento"


Essa frase dialoga diretamente com a noção de que ser assexual é estar doente. E não, não é. Uma pessoa pode ser assexual e ser perfeitamente funcional, física, biológica e psicologicamente. Por não ser uma disfunção, portanto, não precisa de explicação, muito menos de tratamento.


Com isso, quero dizer que a pessoa pode ser assexual e não ter nenhum problema na produção de hormônios. E, principalmente, alguém pode ser assexual sem ter tido nenhuma experiência traumática com sexo. Inclusive, o Asexual Census, de 2015, mostrou que a grande maioria dos assexuais não sofreram traumas, como abusos físicos ou sexuais. Logo, essa ideia é furada.


Muitos ainda defendem que a assexualidade deve ser "tratada" com terapia. Apesar do acompanhamento psicoterapêutico ser extremamente positivo para qualquer ser humano, seja ele ace (como é determinado pessoas no espectro da assexualidade) ou não, não é ele que vai curar o indivíduo assexual, porque, de novo, ele não é doente.


2. "O A de LGBTQIA+ é de assexuado"


Diversas pessoas ainda utilizam o termo "assexuado" para se referir a alguém assexual. E é bem fácil de entender o porquê disso ser errado.


Seres assexuados são aqueles que aprendemos lá na Biologia do Ensino Médio, que conseguem fazer a reprodução da espécie sem sexo. Alguns exemplos são cobras, lagartos e plantas. Os seres humanos, definitivamente, não são assexuados, sendo eles ace ou não.


Assexual se refere a orientação sexual da pessoa, podendo abranger diversas variações. O termo é um grande guarda-chuva, que acolhe pessoas com atração sexual baixa, condicional ou inexistente.


Por isso, da próxima vez que ouvir algum amigo se referir a alguém como "assexuado", fale que isso não faz nenhum sentido. É aos pouquinhos que vamos fazendo a mudança e trazendo mais conscientização sobre o tema.

Os assexuais fazem parte da comunidade LGBTQIA+ | Foto: reprodução

3. "Assexuais não podem se masturbar"


Só para começar, essa ideia de que, para manter sua carteirinha de alguma orientação sexual, você deve fazer X coisa e não pode fazer Y, é totalmente ultrapassada. Cada pessoa é um indivíduo e sua sexualidade pode se expressar de várias formas. Inclusive, falamos um pouco sobre como a heterossexualidade compulsória e outras noções de "certo" e "errado" podem afetar pessoas LGBTQIA+.



A gente entende que, para quem é alo (oposto de ace), algumas coisas podem ser meio confusas. Porém, é só partir do pressuposto que vamos sempre encarar alguma coisa a partir da nossa realidade, mas que isso está longe de significar que algo está correto ou não.


No que se refere à masturbação especificamente, é bem fácil entender que, sim, assexuais podem se masturbar. Isso porque a libido humana é algo existente, portanto, se masturbar é uma forma de buscar prazer ou até mesmo conseguir relaxar ou somente aliviar o estresse (quem nunca?). O que define um assexual é sua relação com a atração sexual, por outra pessoa. Ou seja, o que ele faz consigo mesmo não quer dizer em nada sobre sua vontade de transar com alguém.


E, falando sobre transar, sim, existem assexuais que transam. Novamente, a assexualidade é um espectro grande. Portanto, há pessoas que não sentem nenhuma atração sexual (podendo vir acompanhada de sentimento de repulsa), pessoas que sentem pouca atração sexual ou, ainda, aquelas que sentem somente em ocasiões muito específicas como, por exemplo, atração por indivíduos com quem ela já teve uma troca pessoal, conversou etc.


Você pode conferir mais sobre o assunto no vídeo de Thalita Piacentini, uma mulher assexual que tem relações com o marido. É bem esclarecedor!


4. "Relação sem sexo é amizade"


Mais uma noção de alo muito reproduzida. Para pessoas que sentem atração sexual com frequência, fazer sexo com o parceiro é um ponto importantíssimo da relação. Justo. Mas isso não quer dizer, de forma alguma, que uma relação sem sexo é menos importante ou, ainda, apenas uma amizade.


Um relacionamento também é feito na base da atração física (que pode envolver beijos e carinhos, sem o sexo em si), da atração romântica, da atração intelectual, da parceria e da união entre duas ou mais pessoas. O assexual tem pouca ou nenhuma atração sexual, mas pode ter todos os outros tipos de atração, assim como pessoas de todas as orientações.


É possível que pessoas assexuais formem uma relação entre si e será tão válido quanto qualquer outro casal que faz sexo. Porém, como vimos antes, também existe a possibilidade de uma relação entre alo e ace já que assexuais podem transar.


Existem pessoas assexuais que não sentem repulsa de sexo, apenas têm uma vontade reduzida, ou ainda, em condições muito específicas. Portanto, a pessoa pode fazer sexo com seu parceiro ocasionalmente ou, ainda, se o indivíduo encontrar a pessoa ideal, pela qual sinta atração sexual, poderá ter uma relação com sexo constante.


5. "É assexual porque não transou / não transou direito"


O que mais tem é assexual que não é mais virgem. Apesar de não ser uma regra, é inegável que vivemos em uma sociedade direcionada pelo sexo, na qual transar não é só desejado, como encorajado e estimulado. Como muitas pessoas, antes de se descobrirem assexuais, pensam que pode haver algo de errado com elas, diversas tentam transar.


E, como tudo na vida, essa experiência é extremamente relativa. Alguns odeiam, outros simplesmente não ligam, ainda existem pessoas que tentam transar de novo e com outros pares porque pensam que o problema está no parceiro. Mas não, simplesmente há uma diferenciação na forma com a qual aquela pessoa sente atração sexual, que não condiz com o que aprendemos desde cedo.


Então, você sugerir que uma pessoa assexual transe é extremamente ofensivo. Assim como é indicar sexo com o gênero oposto para alguém homossexual. Não parta do pressuposto que a sua verdade é a verdade de todos às vezes a pessoa nunca transou, e nem quer, ou às vezes já transou mais do que você até descobrir que, simplesmente, é assexual.


Entrando no mérito do que não comentar para alguém assexual, também vale destacar que frases como "queria ser assexual para ter menos problemas amorosos" ou qualquer variante do tipo é muito errado. Do mesmo jeito que muitas mulheres héteros afirmam que gostariam de ser lésbicas para não lidar com homens.


A verdade é que se enquadrar em uma orientação sexual que não a hétero pode ser um processo bem sofrido, de muitas dúvidas e julgamentos. A pessoa pode não encontrar apoio na família e amigos, além de constantemente se ver como alguém "errado", com algum problema. Esses tipos de comentários, mesmo sem a intenção de ofender, ignoram toda essa dor e luta. Portanto, só não fale mais isso.


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Listas semanais com dicas selecionadas sobre filmes, séries, músicas, livros e peças teatrais. É nessa categoria que você descobre sugestões do que assistir nas plataformas de streaming ou o que fazer em um dia atoa em casa.


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