top of page

Crítica: uma semana de "folklore", confira tudo sobre o álbum

Por Jéssica Riquena e Luísa Silveira


Hoje (30) faz uma semana que Taylor Swift retornou às redes sociais para anunciar o lançamento de seu oitavo álbum de estúdio, "folklore" (2020). Isso pegou os fãs de surpresa, já que ainda estávamos digerindo a Era Lover, último trabalho da cantora, lançado ano passado, que inclusive é o tema de sua turnê mundial, que foi adiada para 2021.


Mas quem realmente conhece o trabalho de Taylor, ficou ainda mais confuso. Normalmente, a cantora é conhecida por planejar tudo nos mínimos detalhes e entregar pequenas pílulas do que os fãs podem esperar, para atiçar a curiosidade. Com "folklore" não foi nada disso: anúncio feito na quinta, álbum lançado na sexta, 00h. A própria cantora revelou em seu post no Instagram que costuma pensar muito no momento perfeito para lançar seus trabalhos, porém, a pandemia mostrou que planejar pode ser uma perda de tempo - afinal, não temos controle de nada!


Então, contrariando suas práticas, Taylor escreveu, gravou e lançou este álbum em um período de três meses, durante o isolamento. E, allá Beyoncé, fez o anúncio de surpresa, fazendo com que vários fãs surtassem. Mas, como a loira não é boba nem nada, ela já tinha deixado pistas para gente (como sempre), porém, na época, não fazíamos ideia...


No dia 27 de abril, Swift postou no Instagram "nada acontecendo no momento", mas logo depois descobrimos que foi nesse dia que a cantora tinha enviado uma demo do primeiro single, "cardigan", para o produtor Aaron Dessner e, provavelmente, tirou algumas fotos para a versão física do álbum.

Mas dito tudo isso, o que achamos de "folklore" e o que de novo ele trouxe para os fãs de Taylor? Spoiler: muitas coisas!


Composição atinge outros níveis


Taylor é conhecida por compor sobre sua vida. Paixões, términos, brigas com famosos e até mesmo sobre a doença de sua mãe (em "Soon You'll Get Better" de Lover). Porém, em "Death by a Thousand Cuts", a cantora revelou que escreveu sobre um término, mesmo estando em um relacionamento saudável, se inspirando na vida de amigos e em um filme que viu. Parece que esse foi o pontapé para "folklore", já que nesse álbum, Taylor veste oficialmente o título de contadora de histórias alheias.


As músicas, todas escritas ou co-escritas por Swift, falam de diversas pessoas. Homens velhos, mulheres amarguradas, adolescentes apaixonados... Taylor se torna apenas nossa mensageira. Sua vida não está necessariamente representada nesse álbum, apenas sua imaginação e poder ímpar de nos fazer sentir emoções fortes por meio de sua escrita.


Um caso marcante é o do trio "cardigan", "betty" e "august". No chat com os fãs, no dia do lançamento do clipe do primeiro single, Taylor disse que escreveu sobre um triângulo amoroso, porém, da perspectiva de cada um dos três envolvidos, em momentos distintos de suas vidas. Não demoraram muito para concluírem que Betty, menina traída por James, é a mulher machucada de "cardigan", enquanto "august" narra a vida da amante, triste por perceber que James não era seu, e nem nunca será.


Eu pessoalmente acho isso de uma genialidade absurda. Taylor transforma "folklore" em mais do que um álbum, mas sim, um livro, no qual todas as faixas estão conectadas. Um livro que queremos devorar e ler e reler, sem perder nenhum detalhe.


Outro exemplo incrível é "the last great american dynasty". Nessa música, ouvimos a história da extravagante Rebekah, uma mulher que se casou com um homem rico e não é bem vista pelos vizinhos. Quando seu marido falece, a moça se sente ainda mais excluída, porém, vai viver sua vida, provando que não deve nada a ninguém. O que torna tudo isso mais incrível é que se trata de uma história real, sobre Rebekah e Bill Harkness - que moraram, de fato, em uma mansão chamada "Holiday House" que Taylor realmente comprou anos mais tarde, assim como ela fala na música.


Por sua vez, "epiphany" narra a vivência do avô de Taylor como soldado em uma guerra. Aaron Dessner, que produziu e co-escreveu 11 faixas, acredita ainda que a cantora faz um paralelo com os médicos e enfermeiros de atualmente. Em tempos de pandemia, eles são nossos heróis de guerra. Além disso, Swift aborda sobre a morte e a dificuldade de se ver alguém partir, já que aquele paciente nunca é só um paciente, mas a filha de alguém, a mãe de alguém.


Parcerias inéditas e amadurecimento


Outro fator que chamou atenção foram as parcerias nas composições e produções do álbum. Além do mencionado Dessner, Taylor colaborou com Jack Antonoff, William Bowery e Bon Iver. Esse último, inclusive, também cantou na faixa em que escreveu, "exile", uma das melhores do álbum.


O feat. com Bon Iver foi, assim como tudo, inesperado. O cantor e compositor é famoso na cena indie folk americana, porém, não é muito visto em cenários mainstreams e pops, como Taylor. Porém, quando Dessner mostrou a faixa para Justin Vernon (cantor por trás do Bon Iver), ele amou e topou na hora participar. E os dois conseguiram se encaixar de uma forma bem legal e, logo de cara, se tornou uma das músicas mais comentadas de todo "folklore".

Justin Vernon é a voz por trás de "Bon Iver" | Foto: divulgação

Outro fato interessante, é que "exile" tem composição também de William Bowery (que colaborou também em "betty"). Porém, é claro que William é um pseudônimo, já que os fãs não conseguiram achar nenhuma informação sobre ele online. Nessa hora, as teorias começaram a pipocar. A mais provável é que o compositor seja Joe Alwyn, namorado de Taylor há quase quatro anos. Isso porque William é o nome do bisavó de Joe, que também escrevia músicas, e Bowery seria o hotel no qual os dois tiveram o primeiro encontro.


Seja quem for, é inegável que as parcerias de "folklore" foram certeiras. O álbum mostra um amadurecimento gigante de Taylor se comparado a Lover. Em menos de um ano, a cantora evoluiu em suas composições, arranjos e também se arriscou mais vocalmente. A aposta de Swift no gênero folk deu muito certo! E não é a opinião dos fãs só, não.


Os números da nova era são de impressionar. No dia de estreia, todas as 16 faixas disponíveis no streaming ("the lakes" é a 17ª, extra apenas em cópias físicas) estavam nos 16 primeiros lugares nos mais ouvidos do Spotify dos EUA. E, também, de acordo com a Republic Records, o álbum bateu o recorde de streams em 24 horas na Apple Music, com 1,3 milhão de cópias vendidas em todo o mundo!


Para além disso, "folklore" vêm recebendo ótimas avaliações pela crítica. Ganhando cinco estrelas por jornais renomados como Independent e The Guardian, muitos especialistas acham que é o álbum mais forte da cantora. A US Magazine, por exemplo, afirmou que Swift "chegou ao ápice com 'folklore', com composições sublimes". Tá bom para você ou quer mais?


Previsões otimistas


Apesar de ganhar o primeiro lugar do rank da Billboard 200, como o álbum mais vendido do ano até o momento, a meta é o topo da Hot 100 - uma das paradas mais relevantes da empresa, que mede exclusivamente o desempenho de singles.


Semanalmente, a Billboard monitora as músicas mais ouvidas, seja por streamings ou vendas físicas. Essa análise é feita de sexta até quinta, e o resultado é anunciado toda terça. Estrategicamente, hoje (30), no último dia de monitoramento, Taylor lançou uma nova versão de "cardigan", chamada "cabin in candlelight", com direito a clipe que mostra cenas das bastidores do photoshoot do álbum. É gênia do marketing que fala né?


Confira o vídeo de "cabin in candlelight":


Além disso, o renomado site Hits Daily Double prevê que Taylor venda 700 mil cópias do álbum na primeira semana (esse número soma vendas físicas e streams). Isso já supera a previsão inicial do portal, que era 650 mil. Algo que pode ter ajudado, e muito, a aumentar as vendas foi o fato da cantora ter lançado diferentes capas do CD e da versão vinil - oito, para ser mais precisa, já que é o oitavo álbum. Assim como fez com a versão deluxe de "Lover" (2019), que possuía encartes com partes diferentes do diário da cantora, cada versão de "folklore" terá fotos diversas.


Mas enquanto nada disso é garantido, a gente fica aqui, pensando qual será o próximo single - "exile" e "betty" estão sendo mandadas para rádios - e querendo saber como será a junção da era Lover com a folklore. Mas, o que você quiser, a gente topa, ok, Taylor?


Se você ainda não ouviu o álbum, ou quer dar mais um play, como estamos a semana toda, só conferir abaixo:



____


Quer saber nossas impressões sobre diversas obras das mulheres na cultura? Cinema, música, literatura, teatro e muito mais. Tudo isso, duas vezes por semana, na categoria “Crítica”.



bottom of page