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Crítica: vício, intimismo e revelações marcam especial de “Euphoria”

Apesar da Covid-19 ter atrasado as gravações da segunda temporada da série mais colorida e eufórica da HBO, a gente não precisou ficar tanto tempo sem ter notícias das nossas personagens favoritas. O primeiro especial de Euphoria foi ao ar neste domingo (06) e teve foco em Rue (Zendaya) e seu padrinho Ali (Colman Domingo). Me sinto na obrigação de informar que vão ter spoilers do episódio e, consequentemente, da primeira temporada. Leia por sua conta e risco!


“Trouble Don't Last Always” é o título do especial e, também, um conselho e um lembrete para a protagonista Rue. Para quem não lembra (ou não sabe), no fim da primeira temporada, Rue tem uma recaída no vício de drogas após se despedir de Jules (Hunter Schafer). Desde a última cena - subjetiva, por assim dizer - não sabíamos mais nada. Até o episódio especial começar.


De início vemos Rue e Jules (#RulesForever) como um casal morando juntas. Em uma cena de cotidiano pré-aula na faculdade, já podemos perceber que não é real. É então que vemos a transição para a realidade de Rue com seu velho moletom vinho em um banheiro na sua cidade natal.


O episódio começa em uma fantasia de Rue com Jules. | Foto: Reprodução

Com cenário e figurinos bem menos coloridos com os quais estamos acostumadas, vemos Ali esperando a protagonista numa mesa de restaurante. E é aí que o episódio toma a forma que permanece até o final. Uma conversa sincera, intimista e sem cortes entre dois (queridos) personagens na véspera de Natal. A interação fala de vícios sem pudores e clichês e faz questão de ressaltar: o vício em drogas não é egoísmo, é uma doença e deve ser tratado como tal.


Sem dúvidas, o diálogo é a base mais importante do episódio. De um lado temos Rue, uma adolescente depressiva e viciada em mais uma recaída lutando para lidar com seus sentimentos de culpa, confusão e negação. De outro temos Ali, um ex-viciado agora sóbrio e experiente que tem de lidar com as consequências dos seus vícios até hoje e que tenta ajudar a jovem. A conversa passa por vícios, questões existenciais, religião e até revelações pessoais.



Quase como uma sessão de terapia, Ali consegue tirar de Rue o que ninguém nunca conseguiu. Para não entrar numa questão mais descritiva (e estragar a experiência de quem não viu ainda), apenas digo que Ali entrou como aquela figura experiente, do sábio, do ajudante, que não julga e consegue fazer com que Rue chegue às conclusões sozinha. E é lindo e doloroso de ver - em vários momentos quis entrar na tela, abraçá-la e dizer que tudo vai ficar bem.


Pudemos também saber mais de Ali, de sua história, sua relação com a família e seus vícios - o que achei bem interessante, visto que Euphoria sempre nos deu personagens complexos.


Além disso, tivemos uma grande revelação que movimentou os eufóricos no Twitter. Aparentemente a tatuagem que vemos Rue e Jules fazendo juntas na primeira temporada não foi real. Pois é, chocante! Bem que fomos avisadas pela própria Rue no começo que ela não era uma narradora confiável. Afinal, o que foi real e o que não foi? São perguntas que talvez sejam respondidas na segunda temporada - ou não.


De maneira geral, o episódio acalmou nossas saudades. Não trouxe os transtornos coloridos que vimos na primeira temporada, mas muito porque não era a proposta do episódio. A intenção não era seguir a lógica da série que estávamos acostumadas, mas algo mais intimista e uma visão pessoal de Rue - o que conseguiu.


O segundo episódio especial sai dia 24 de janeiro na HBO e vai mostrar o ponto de vista de Jules. O que será que aconteceu com ela depois da despedida?


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