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Crítica: Nostalgia e sensibilidade marcam "Tu Historia", de Julieta Venegas

Depois de colaborar com os reggaetoneiros Tainy e Bad Bunny no hit "Lo Siento BB" (top 40 da Billboard norte-americana), Julieta Venegas está de volta ao cancioneiro indie pop alternativo que a consagrou.


"Tu Historia", lançado na última sexta-feira, chega ao mercado com ar nostálgico. Esse é tom do oitavo disco de estúdio da artista que cresceu em Tijuana, no norte do México. Não é a toa que "La Nostalgia", música que poderia sintetizar todo o trabalho, recorda o berço geográfico e afetivo da cantora.



O lançamento de Julieta acontece sete anos depois de "Algo Sucede", álbum que resgatou as cores da mexicana após "Los Momentos" (2013), álbum mais dark da artista. Além de melancolia e histórias pessoas do passado, "Tu Historia" traz as nuances do amor, letras reflexivas e melodias protagonizadas pelo piano e acordeão -- todas marcas da cantora mexicana.


O novo álbum de Julieta Venegas é contemporâneo, mas ainda assim lembra sua produção dos anos 90 -- momento mais alternativo de sua carreira, antes da guinada pop no início do século XX que trouxe os maiores sucessos das carreira, como "Lento" e "Me Voy".



O disco tem incursões eletrônicas, o que fica nítido na abertura "En Tu Orilla, em "Mismo Amor" (primeiro single e maior sucesso do álbum) e Te Encontré. As três faixas foram lançadas anteriormente. Pode-se dizer que são as mais pop do trabalho, junto de "Dime La Verdad".


"Caminar Sola" também foi lançada anteriormente, mas traz um ar mais tenso. Sempre ligada na causa feminista, Julieta denuncia o machismo e a violência urbana. "Tenho medo de caminhar sozinha por aí", diz ela em um trecho da canção.


Outra faixa que traz um ar tenso, impresso por instrumentos de cordas, é "Brillaremos", que narra o fim de uma relação que já deu boas recordações.



Já "Tu Historia", faixa que dá título ao álbum, traz a sonoridade que os fãs esperam de Julieta, muito acordeão, suavidade e leveza, além de trazer letra reflexiva e empoderada -- lembra os sucessos de "Sí" (2003) e "Limón y Sal" (2006). É aquela para deixar no repeat do Spotify por horas.


"Pura Fantasia", a penúltima do disco", é o ápice vocal do álbum -- e a minha favorita. Começa com um tranquilo piano, segue com a voz calma e mostra a sensibilidade de uma artista que sabe a difícil realidade em que vive o mundo, mas pode imaginar uma ficção colorida em meio a acordes cinzas.



"Tu Historia" é um álbum nostálgico, sensível e reflexivo, mas não é pessimista. Ele olha para o futuro com otimismo sem romantizar o hoje como mostra "Despechada Mexicana", a faixa que encerra o disco.


Julieta acerta mais uma vez ao conseguir se manter atual sem se render ao mainstream. O disco, aliás, foi lançado por uma gravadora independente.



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