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Confissões de uma solteira em plena pandemia

"Queria poder sentar e explicar que não é nada pessoal. Não é você, é todo o caos."


Estar solteira nunca foi uma coisa fácil. Estar em um relacionamento também não. Mas aí não é meu lugar de fala. Só que ninguém poderia imaginar que estar solteira em 2020 significaria estar trancada em casa no meio do caos mundial de uma pandemia tendo que contar apenas com as redes sociais para conseguir, no máximo, um flerte.


No começo admito que estava animada. Um flertezinho aqui, respondia um story ali… A gente não tinha noção de que estaríamos prestes a passar meio ano sem ter contato físico e pessoal com outras pessoas de novo. Então um flerte era como um “oi, depois disso vamos nos ver”. Só que o “depois” começou a ficar mais longe do que imaginávamos.


Os lembretes de interesse foram ficando mais espaçados, raros e tímidos. As borboletas no estômago foram se tornando rosas com espinhos e a chama de fogo que ainda existia se tornou uma faisquinha que, se for alimentada, ganha uma força temporária. Mas a verdade é que estamos cansadas.


Como já falei, estar solteira nunca foi uma coisa fácil. Mas ninguém nos preparou para estar solteira em meio a uma pandemia. Manter interesse e flerte vivos só pelas redes sociais é mais difícil do que já parece ser. Até porque flertar é mais do que só elogiar e alimentar ego, mais do que se mostrar interessante e interessado, mais do que uma dança de acasalamento. É tocar, olhar, arrepiar, sentir um calor que ninguém explica de onde vem. E é disso que sinto mais falta.


Por fim, aos flertes que deixei morrer, queria poder sentar e explicar que não é nada pessoal. Não é você, é todo o caos. Mas, se tudo der certo, daqui a pouco a gente marca um barzinho, bebe um litrão, compartilha um cigarro e flerta até o fogo arder.


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Textos não jornalísticos, para falar de manias, da vida, de amores... E todas as outras coisas o coração.

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