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O cinema nacional e 5 filmes brasileiros para assistir

Não é novidade que os filmes nacionais não são muito valorizados pelos próprios cinemas brasileiros. Seja por uma questão de lucro ou política, é fato que a grande maioria das produções que entram em cartaz no país requerem legenda ou dublagem.


Dados da Ancine, divulgados pelo G1, apontam que dos 172,2 milhões de espectadores nos cinemas brasileiros em 2019, apenas 22,6 milhões assistiram a filmes nacionais. E, detalhe: ao passo que os filmes gringos tiveram um aumento de quase 12 milhões de pessoas, se comparado a 2018, indo de cerca de 137 milhões espectadores para quase 150 milhões, os filmes nacionais tiveram uma queda de 300 mil pessoas.

E os resultados só não foram piores porque, em 26 de dezembro de 2019, aos 45 do segundo tempo, veio a estreia de 'Minha Mãe é uma Peça 3', sucesso histórico de bilheteria, responsável por levantar consideravelmente o número de espectadores de filmes nacionais no ano, mesmo que em poucos dias.


O que veio antes: falta de filmes ou de espectadores?

O ano passado também foi marcado por uma diminuição dos filmes nacionais em cartaz. 10% a menos, se comparado a 2018. Isso pode ser explicado pela falta da cota de tela por quase metade do ano. A cota é uma medida que obriga cinemas brasileiros a terem filmes nacionais em cartaz por um número mínimo de dias. A expectativa era que a cota retornasse com mais força em 2020, mas, sabe como é, veio uma pandemia global e fechou os cinemas de todo o mundo.


Porém, isso traz uma questão interessante à mente. As salas de cinema preferem filmes internacionais porque são mais assistidos ou as pessoas assistem mais a produções gringas por falta de opções nacionais diversificadas?


De toda forma, é inegável que o cinema brasileiro ainda é acompanhado de muito preconceito e noções pré-estipuladas que quase nunca correspondem à realidade. Quando falamos de produções feitas por mulheres, então... Para ter uma ideia, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) lançou uma lista, em 2016, com o que eles consideravam ser os 100 melhores filmes brasileiros. Desses, apenas cinco (!) foram dirigidos por mulheres.


Por isso, a fim de valorizar o cinema nacional e, principalmente, as diretoras brasileiras, trazemos uma lista com esses cinco clássicos que você precisa assistir. Se ainda não viu algum, aproveita a quarentena e vem com a gente tirar esse atraso. Vamos lá?



Cartaz 'Mar de Rosas', 1977

1. Mar de Rosas (1977)

Primeiro trabalho de direção de Ana Carolina Soares, o filme traz também apenas roteiristas mulheres. Além de Ana, Alice e Isabel Câmara fazem parte da equipe de escritoras. No longa, conhecemos o casal Felicidade (Norma Bengell) e Sérgio (Hugo Carvana), que estão em uma viagem, junto da filha Betinha (Cristina Pereira) de São Paulo para o Rio de Janeiro. Porém, durante uma briga com o marido, Felicidade o ataca com uma navalha e pensa que o matou. Depois disso, a mulher foge com a filha, vivendo momentos turbulentos.



2. A Hora da Estrela (1985)

Baseado no romance homônimo de Clarice Lispector, o filme também foi trabalho de estreia da diretora Suzana Amaral. O longa fala sobre Macabeia (Marcélia Cartaxo), uma jovem nordestina que, após perder toda família de origem, vai para São Paulo, onde vive em uma pensão e trabalha como datilógrafa. Suas vontades e desejos são constantemente reprimidos, já que os outros e, a vida como um todo, passam por cima de Macabeia. Tanto o filme, quanto o livro valem muito a pena!



3. Bicho de Sete Cabeças (2001)


"Bicho de Sete Cabeças" marcou gerações no Brasil. Com direção de Laís Bondanzky, o filme é inspirado na autobiografia de Austregésilo Carrano Bueno, chamada "Canto dos Malditos". Na produção, acompanhamos a história de Neto (Rodrigo Santoro), um jovem que é mandado para uma clínica psiquiátrica após seu pai encontrar um baseado de maconha em suas coisas. Lá sofre experiências traumáticas, que mudam sua vida. O filme, portanto, aborda questões profundas e reflete sobre o sistema de saúde mental no país, a instituição familiar e o abuso de drogas.



4. Cidade de Deus (2002)


Quando falamos de "Cidade de Deus", muitos pensam no diretor Fernando Meirelles. Mas o filme que representou o Brasil no Oscar de 2004 também leva a direção de Katia Lund. Como muitos sabem, a produção fala sobre o crescimento e consolidação do crime na Cidade de Deus, uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro. Assim, é possível perceber os impactos do contexto nos moradores e a relação dos mesmos com a violência urbana. Para isso, o filme tem dois personagens principais, que seguem rumos distintos na favela. Buscapé (Alexandre Rodrigues) vira fotógrafo e Zé Pequeno (Leandro Firmino) se torna traficante.



5. Que Horas Ela Volta? (2015)

O filme estreou há apenas cinco anos, mas já marcou seu lugar como um dos clássicos nacionais. Dirigido por Anna Muylaert, o longa fala sobre a nordestina Val (Regina Casé), que se muda de Pernambuco para São Paulo, a fim de oferecer uma vida melhor para sua filha. Na capital, trabalha como empregada doméstica na casa de uma família que recebe a filha de Val de braços abertos, quando a mesma diz que tem interesse de ir para a cidade prestar vestibular. Porém, com o passar do tempo, vemos que Val não é tão parte da família como todos achavam. O filme, além de abordar com maestria a relação da empregada doméstica com a família para qual trabalha, consegue escancarar hipocrisias e incoerências da classe média brasileira.



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Listas semanais com dicas selecionadas sobre filmes, séries, músicas, livros e peças teatrais. É nessa categoria que você descobre sugestões do que assistir nas plataformas de streaming ou o que fazer em um dia à toa em casa.





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