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Nudes: um caminho para o amor próprio

Dizem que o nosso corpo é um templo, né? Então, teoricamente, temos que nos sentir confortáveis sob a pele que habitamos. Mas nem sempre é assim, principalmente para nós, mulheres. A relação com o corpo, a sexualidade e a sensualidade ainda é muito pouco explorada e isso traz (e agrava) problemas de auto-estima e bem-estar. Quem nunca fugiu de uma foto porque estava se sentindo feia que atire a primeira pedra. Mas afirmo que, por experiência própria, a fotografia pode ser um instrumento para alcançar uma boa relação com o próprio corpo. Sendo mais ousada ainda, as famosas nudes podem cumprir esse papel.



Que a fotografia pode ser usada como uma ferramenta de conhecimento do corpo humano acho que não é surpresa para ninguém. Existem bancos de fotos gratuitas online para auxiliar no estudo de desenhos e tatuagens, por exemplo. Mas mais do que isso, a fotografia pode ser usada como forma de autoconhecimento e de fazer as pazes consigo mesma. O autorretrato está aí para provar.


Vivian Maier foi uma fotógrafa famosa por seus autorretratos. | Foto: Vivian Maier

E o que são as nudes se não uma forma de autorretrato? Ok, um autorretrato pós-moderno viralizado pelas redes sociais e facilitado pelos smartphones. Mas ainda são uma forma de expor e expressar como a gente se vê e como gostaria que o mundo nos visse. Realizar um autorretrato é “tomar consciência de si como um todo unificado”, como explica Virgínia Gil Araujo, e é esse poder que uma nude pode carregar.


Eu estou falando sério. Ao tirar uma nude (ou uma foto normal) a gente toma consciência do nosso corpo no mundo. A gente vê nossos traços, nossas curvas, nossa pele, nossas pintas, nossas cicatrizes, aquilo que gostamos e aquilo que não gostamos. Estamos ali como um momento congelado e podemos nos expressar como desejarmos.



Acredito de verdade que o ato de tirar uma nude possa ser empoderador. Veja bem, não estou dizendo que toda nude é isso tudo. Você pode tirar uma só para mandar para aquele contatinho no meio de uma conversa mais “caliente” e ser só uma representação virtual mesmo. Mas toda ferramenta de autoconhecimento carrega, sim, um quê empoderador.


Escrevi tudo isso para chegar no meu principal ponto: tirem nudes. Sério. Não precisa ter para quem enviar essas fotos. Basta você para tirar e apreciar. Tire um momento para ver como seu corpo é bonito e complexo. Veja o que não gosta e tente entender porque essa relação com o seu corpo é complicada. Esse pode ser um meio de fazer as pazes consigo mesma.


Mas tente, principalmente, ver o que você gosta e ressalte isso. Busque referências, veja posições, iluminações, acessórios e adereços que ajudem a realçar o que você mais gosta em si mesma. Sério, explore seu corpo e aprenda a amá-lo da maneira mais linda que pode.



Me sinto no dever de reforçar que temos que ter cuidado. Já falamos sobre a prática de sexting aqui no blog, mas reitero. Ao tirar uma nude, tenha certeza de que ninguém que você não autorizou esteja te vendo. E, se pedir ajuda para alguém ou mesmo se chegar a enviar para alguém, que você tenha 120% de confiança nessa pessoa. Infelizmente existe o risco de vazarem suas nudes e todo cuidado é pouco. O vazamento de fotos íntimas de terceiros sem consentimento é crime com penalidade prevista por lei de até cinco anos de reclusão e multa. Quem sofrer com isso pode e deve recorrer à justiça.


Mas não quero terminar esse texto negativo não, principalmente porque não acho que devemos demonizar as nudes. Como disse, elas podem, sim, ser uma ferramenta para auxiliar no processo de autoconhecimento e amor próprio. Tire nudes para você mesma. Explore seu corpo e suas sensações. Se veja. Se ame.


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Já pensou como a vida seria muito mais simples se a gente falasse mais sobre alguns tabus? Esse é um dos objetivos da categoria “Taburóloga”, que conta com textos quinzenais!

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