top of page
Foto do escritorFilipe Pavão

Morando em São Gonçalo você sabe como é...

"Não fiquei nem cinco segundos na cabine, mas foi tempo suficiente para refletir sobre um mundo, um país e uma cidade mais humana, coletiva e empática. Que rumo quero dar a minha cidade nos próximos quatro anos?"

Vista de São Gonçalo em direção à Baía de Guanabara │ Foto: @rafacorreafoto
Vista de São Gonçalo em direção à Baía de Guanabara │ Foto: @rafacorreafoto

Já dizia Seu Jorge, "morando em São Gonçalo você sabe como é. Hoje à tarde a ponte engarrafou e eu fiquei a pé". Na verdade, eu nunca entendi o sentido da ponte Rio-Niterói engarrafar e alguém ficar a pé nela, afinal, nem se pode caminhar por lá. É proibido!


Deve ser a tal da famosa licença poética, aquela que os artistas usam pra deixar o mundo do jeitinho que eles imaginam ou como a gente gostaria que fosse. Vou pedir licença aos poetas e usá-la também no lugar de fala de um cidadão que está festejando a democracia.


Hoje, no segundo turno das eleições municipais, é um bom momento para colocar isso em prática, além de exercitar um olhar mais positivo e até poético sobre a nossa própria cidade. Sei que a realidade de São Gonçalo é muito parecida — e diferente ao mesmo tempo — com a zona oeste do Rio, com a baixada fluminense e tantas regiões. Seria incrível poder enxergá-las com aspectos positivos ao longo de todo o ano.


Acordei e logo fui votar. Pelo caminho, a famosa — e proibida — boca de urna, pessoas sem máscaras, jogo no campo de futebol e churrasco no barzinho para curtir o solzão deste domingo. Se alguém me contasse que a Covid-19 resolveu ir embora da cidade, eu acreditaria. Pena que não é o que mostram os números dos leitos ocupados nos hospitais.


Cheguei à seção eleitoral exatamente às 10h04, "oi, bom dia", álcool em gel, e-Título, "assina aqui" e "pode votar". Não fiquei nem cinco segundos na cabine, mas foi tempo suficiente para refletir sobre um mundo, um país e uma cidade mais humana, coletiva e empática. Que rumo quero dar a minha cidade nos próximos quatro anos?


Mais educação para que as crianças da educação básica cresçam e possam realizar seus sonhos; mais infraestrutura para os profissionais da saúde nos postos dos bairros e que tratam a Dona Maria; mais investimento em cultura em uma cidade que não tem teatro nem biblioteca; mais áreas de lazer para que as crianças possam ser crianças e não caiam nas “garras” do tráfico presente em vários bairros; mais segurança para ir e vir, sem o comando de grupos paralelos como as milícias, que investem em candidaturas que trocam favores, dentaduras e asfaltos de rua para assumir o poder… Caramba, a lista é enorme!


Será se pedir livros no lugar de armas é muito utópico? Prefiro acreditar que não! Afinal, morando em São Gonçalo — e em diversas outras cidades do país — você sabe como é… A esperança segue equilibrista na busca de que o amanhã seja mais bonito que o hoje.



____



As crônicas são textos não jornalísticos, para falar de manias, da vida, de amores... E todas as outras coisas do coração.


留言


bottom of page