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Entrevista: novo álbum de Mariana Volker fala de saudade e tem cover de Pabllo Vittar

Saudade... Palavra tão singular que só existe na língua portuguesa. E para cada pessoa que a sente tem um significado diferente. Para Mariana Volker, de 35 anos, foi o pontapé para iniciar uma nova era.


A cantora, que celebra 18 anos de carreira, usou a saudade -- e também a solitude -- para iniciar a produção do disco "Impossível dizer que não senti", que chega hoje (21) às plataformas de streaming. Realmente, nos últimos dois anos, que foram marcados pela pandemia e muitas ausências, todos nós sentimos algo.


Mas, calma, o trabalho não é triste. Na verdade, ele é atravessado por sentimentos antagônicos. Além da saudade e da solidão, encontramos medo, raiva e angústia, mas também amor, paixão e euforia.


No total, são nove faixas, sendo sete autorais. E o disco traz surpresas, viu? Mariana surpreende ao cantar covers de Só Pra Contrair e Pabllo Vittar.


Tudo isso estará presente no show de estreia que acontece hoje, no palco do Teatro Prudential, na Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro. Os ingressos custam a partir de R$ 40 e você pode adquiri-los pelo site do Sympla.


Mariana começou sua carreira aos 17, na Unidade Imaginária, banda com a qual concorreu ao prêmio de música da MTV em 2010, o VMB. Desde 2014 segue carreira solo, já participou do "The Voice Brasil" e fez parcerias com Gilsons, Capital Inicial e Clarice Falcão.


No bate-papo com o Telas Por Elas, Mariana fala sobre o processo criativo do álbum, o novo show e os 18 anos de carreira.



1) A gente pode dizer que sentimentos antagônicos atravessam "Impossível dizer que não senti". O disco é reflexo do que vivemos hoje socialmente?


É reflexo do que a gente está vivendo nesses últimos dois anos principalmente. Ele é um disco que fala de saudade, medo e angústia de não saber o que vai acontecer. Mas também vai para outro lado: de como a gente passou a valorizar os encontros, o contato com o outro, as pessoas, os movimentos, as cores, a dança, esse país tão rico, tão caloroso, né?


Como o brasileiro sofreu tanto, todo mundo sofreu, mas brasileiro é um povo de encontro, né? A gente passa tanto por essa parte mais difícil, quanto por essa parte mais alegre, mais fervorosa dos reencontros, dos amores, das saudades, de transbordar tudo isso e vivenciar com intensidade.


2) Como foi o processo criativo do "álbum mais orgânico" da sua carreira?


Esse disco começou a ser gravado com a proposta de ser um EP, um disco pequeno de quatro músicas, a gente pensou em fazer tudo muito em casa, acústico, sem muitas coisas acontecendo, mas a gente foi mergulhando no estúdio, nas canções, entendendo o que elas tinham em termos de sentimento. A gente começou a ouvir o que as canções tinham pra dizer para gente.


E foi crescendo tanto que virou um álbum. Entraram outras músicas, algumas que saíram depois saíram. Um processo orgânico de criação, a gente não chegou e falou: 'a gente vai fazer um disco sobre isso'. Ele simplesmente aconteceu. É orgânico por isso, não só em termos de sonoridade.


Também é um disco que quis trazer uma sonoridade mais orgânica, trabalhar em cima do violão, do piano, dos sopros. Trazer essa referência brasileira, mas também com o soul, jazz e blues, que são referências que eu gosto de misturar.


Achei que o resultado ficou muito bom, eu consegui brincar muito com a minha voz. Tem músicas que estou com mais punch na voz, colocando a minha voz mais na frente. E tem outras canções em que eu venho com a voz mais delicada, quase soprosa e calma. Gosto muito de trabalhar esses contrapontos na minha carreira.


A gente trouxe percussão também, elementos mais orgânicos. Ficou mais brasileiro, mais atual e tem tudo a ver com o momento em que estou.



3) A saudade foi o pontapé?


A saudade foi o pontapé, acho que a clausura também foi o pontapé. A gente estar em casa sem poder tocar, sem poder ver o público. A gente precisava desaguar essa energia de alguma forma. A arte salvou tanto quem faz, quem cria, quanto quem consome. Isso é muito legal.


Foi uma forma de a gente espairecer, de trabalhar as coisas que a gente estava vivenciando, de colocar isso na música. Não só eu que escrevi e sou a cantora a frente desse trabalho, mas também as pessoas que estavam fazendo isso comigo. Todo mundo estava vivendo esses sentimentos e isso ficou impresso nas gravações, nos arranjos, nas escolhas dos timbres.


4) Essa pergunta é difícil, eu sei, mas quero saber se há alguma música favorita.


É bem difícil, mas uma das minhas favoritas é "Acorda, meu amor". Ela é a música mais triste do disco. É a música que a gente sofreu fazendo porque deixava a gente angustiada, porque ela é triste e a gente ficava imerso naquele arranjo.


É uma das músicas mais bonitas, amo o lugar da minha voz, amo os silêncios dela, amo o clarinete, você escuta o mais íntimo do sopro do clarinete, é muito bonito isso. Menos é mais.


É uma canção muito delicada e que fala desse momento que a gente está. Ela fala de acordar, dessas ilusões que a gente está vivendo. Eu tenho muito carinho por essa canção. Ela me machuca muito toda vez que eu escuto. É muito preciosa.


5) O que podemos esperar do show de estreia?


É um show muito efervescente. A gente tem uma banda maravilhosa, uma banda grande, a gente tem os metais, bateria, baixo, guitarra, percussão... Eu tô no violão e no piano, eh também. É um show muito intenso, é um show que tem a parte mais festiva, calorosa e dançante.


Mas também tem momentos reflexivos. Sempre vai ter o momento em que fico sozinha com a plateia e no meu piano. Vou trazer para eles a música da forma em que gosto de trazer, como a música foi composta. Aquela coisa bem especial e intimista.


O show tem todas essas nuances que propus no disco: do mais intenso ao mais suave, do mais alegre e vibrante ao mais miudinho e delicado. Esse show vai ser bem interessante. Estou bem animada de poder levar isso para um público em um teatro. As pessoas estão ali sentadas podendo prestar atenção e curtir todos os arranjos, tudo que a gente vai levar com tranquilidade e sem aquela coisa do tempo.


Estou muito animada pra esse show. Está muito bacana. É o melhor show que a gente vai fazer.




6) E por que já decidiu levar o disco aos palcos no dia do lançamento nas plataformas digitais?


A gente não queria afastar muito essas duas datas, a gente já queria botar o disco no mundo. É claro que a gente também pensa num calendário, do que tá acontecendo ao nosso redor. A gente tem uma Copa do Mundo logo ali, a gente tem as eleições acontecendo... Esse disco ele precisava vir ao mundo, era a hora dele.


A gente também conseguiu essa data muito especial no Teatro Prudente. Casou de ser tudo na mesma semana. Enfim, estamos muito animados para tocar e curtir esse show com todo mundo.


7) É uma surpresa ter releituras do SPC e da Pabllo Vittar no disco. Por que incluí-las? Vão estar no show também?


Sempre gostei muito de pegar canções que a primeira vista podem parecer distantes do meu universo e trazê-las para uma roupagem e releitura minha. Sempre gostei de brincar com isso. São duas composições que eu amo, de artistas que eu amo. A Pabllo nem se fala, é uma artista que eu amo de paixão, acho tudo que ela faz incrível. E eu gosto desse drama da música.


Eu começo testando no piano e vai saindo ali uma coisa. Até paro de escutar muito a original para tentar a minha melodia, a minha linha, o meu tempo. São canções que significam muito para mim, são canções populares. Também gosto de brincar com essas canções populares e trazer outra estética.


Estarão super no show, as duas vão conosco para a estrada, são músicas importantíssimas dentro desse repertório. Tem outras também por vir, tem outras coisas que a gente trouxe para esse show e vai ficar lindo.




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