Crítica: "Soul" tem mensagem emocionante (e muitas lágrimas)
Quantas vezes você já se pegou pensando no que existe antes e depois da vida? Você já teve aquele momento em que sentiu que te faltava propósito ou que a vida passou e você ainda não realizou o seu sonho? Parece papo de coach, mas é só o enredo de Soul, novo filme da Pixar lançado no Disney+.
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O longa foi disponibilizado na plataforma no dia 25 de dezembro e, como já era esperado, foi recebido pela audiência com muito entusiasmo, animação e a certeza de que iríamos chorar muito. Na história, o professor de piano Joe Gardner (Jamie Foxx) enfrenta o peso de viver frustrado no seu trabalho atual e com o sonho de tocar em uma banda de jazz ainda latente na sua mente e no seu coração.
Quando, finalmente, consegue a sua chance. O destino trata de colocar mais uma pedra – e dessa vez, uma bem enorme – no seu caminho e Joe morre. Assim, do nada. Ele está andando e, literalmente, cai dentro de um bueiro. E calma, isso não é um spoiler! Essa cena, além de estar no trailer do filme, é o que inicia toda a jornada do personagem para tentar voltar a vida e conseguir realizar o seu grande sonho. E daí você já deve imaginar né...
Lágrimas, lágrimas e mais lágrimas!
Seria uma completa mentira da minha parte dizer que eu não comecei a assistir esse filme pensando em chorar horrores (insira aqui o vídeo do Supla falando que ama chorar), mas essa é a realidade. Todo mundo sabe que a equação é bem simples. Filme da Pixar = muito choro e crises existenciais. Já que não tinha como fugir disso e eu queria aproveitar uma tarde com clima ameno, lá fui eu.
Se não fosse tão vergonhosa, eu adicionaria aqui a foto que tirei após assistir o filme ou as várias conversas que tive com amigos falando o quão destruída eu estava depois de assistir esse filme. Eu não sei qual a fórmula usada nas animações atualmente, mas sei que elas são feitas para tocar na ferida dos jovens adultos e adultos que já são diariamente massacrados pela falsa ilusão de que existe a tal da estabilidade emocional – falando por mim, obviamente.
Talvez tenha sido pelo momento que eu estou vivendo agora, mas eu sinto que o filme tocou na ferida (se bem que eu sinto que a mensagem passada pelo longa é bem ampla e pode te tocar independente do momento que você estiver vivendo – seria esse o segredo da Pixar?). Enfim, o que realmente importa é que o filme me pegou de jeito e daí não faltaram lágrimas por aqui. Minha dica é: já deixa separado uma toalhinha para ir secando o cantinho dos olhos enquanto o filme vai passando.
Minorias também merecem ter sua história contada
Se você já ouviu falar sobre o filme (o que eu acho bem possível) você deve ter reparado que esse foi o primeiro longa animado feito pela Pixar com o núcleo principal com todos os personagens pretos. O centro da história é o Joe, a história dele, a família dele e o sonho dele. Bem, daí você deve imaginar que ele é o detentor de grande parte do tempo de cena, né? E a resposta é não. O personagem só tem 10 minutos em cena sendo ele mesmo, em voz e em corpo.
Estranho, né? Mas essa não é a primeira vez que acontece. Situações bem similares também foram reparadas em filmes como Viva - A Vida é uma Festa e A Princesa e o Sapo, ambos interpretados por minorias (Miguel é latino e Tiana é uma mulher preta) que foram desumanizadas durante a maior parte do filme.
É claro que isso não passou despercebido pelo público – e com razão. É claro que representatividade é um ponto importante e o filme é um marco nesse assunto, a questão realmente não é essa. O que incomoda é ver que, mesmo em filme onde a maior parte dos personagens são pretos e tem suas histórias colocadas em foco, você não tem os tem em cena em sua totalidade ou, ao menos, na maior parte do tempo.
“Ah, mas essa é a história do filme. Não dá para julgar!” E eu te digo, dá sim. Da mesma forma que aconteceu com Miguel e Tiana, Joe não precisava ser desumanizado para facilitar o consumo do filme ou criar uma leve impressão de representatividade. É preciso cobrar responsabilidade nesses momentos. Não podemos deixar isso passar sem essa observação e cobrar por mudanças nos meios de produção.
Mas então, é mais um um filme da Pixar ou não?
É. Simplesmente, é. A animação é muito boa? Completamente. Passa uma mensagem motivacional e inspiradora? Com certeza. Provavelmente vai ser o ganhador do Oscar esse ano? Eu estou apostando todas as minhas fichas. Pronto, você tem um filme da Pixar.
Brincadeiras à parte, é claro que Soul é mais um filme da Pixar. Mas assim como as animações lançadas nos últimos anos, ele tem uma qualidade ímpar. Tanto das técnicas de animação, como da construção da mensagem e desenvolvimento da história. Ela te prende, te faz querer ver mais e emociona. É a receita de sucesso da produtora que vem dado (muito) certo nos últimos anos – e que eu não vejo problema em replicar.
Entre erros e acertos, o filme merece pontuação máxima. Pessoalmente, a história teve um impacto sobre mim e, de fato, passa uma mensagem muito forte ao final do filme. Para mim vale a pena assistir e se acabar em lágrimas. Tudo em nome do entretenimento.
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