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Crítica: "Siete Veces Sí”, o disco cheio de sentimento de Vanesa Martín

Vanesa Martín é sinônimo de música que coloca todos os pelos do corpo de pé, sem exceção. A espanhola, que nasceu em Málaga, região solar do sul da Espanha, lançou o sétimo disco da carreira, “Siete Veces Sí”, nesta sexta-feira (23), que vem cheio de simbolismo e novidades sonoras.


O nome não é por acaso. Além de marcar o número de CDs na carreira da artista, “Siete Veces Sí” remete ao conto de que “a cada seis ondas, há uma sétima que renova a energia de tudo e abençoa o novo que está por chegar”.


Vanesa Martín lança "Siete Veces Sì". Crítica completa no site!

E esse novo chega naturalmente nas doze composições da malaguenha, que gravou o disco todo em sua cidade natal. Por isso, é muito pessoal, assim como o anterior, “Todas Las Mujeres Que Habitan En Mí” (2018), no qual Vanesa recorreu a um lugar mais íntimo possível.


A diferença está em ser mais otimista, o que é importante tendo em conta o período de pandemia no qual todo o mundo está inserido. Para isso, ela flerta com gêneros mais animados como o funky. E faz isso de maneira muito positiva!


“Por uma parte, tem muita intimidade, muita emoção e mistério. Por outra, uma necessidade de expansão, de liberdade e de voar, de apertar cada minuto como se fosse o último”

E vale a pena escutar faixa a faixa. Segundo Vanesa, a sequência da tracklist não é aleatória, nem por acaso. Há uma lógica por trás.

“Despedida y Cierre” abre o disco com uma história de término. Ela revelou que a música foi composta após presenciar, quando estava em Londres para realizar um show da turnê anterior, a briga de um casal e um possível final de relacionamento .


"Quanto tempo vai nos custar, coração, saber que nos falta vida?" pergunta Vanesa em “Llueven Las Luces” enquanto “Salto Mortal” apresenta letra inspirada no amor de Cisco Garcia e Raquel, um casal de fãs que teve a vida transformada após um acidente. Tanto a segunda quanto a terceira faixa do disco são composições intensas, uma especialidade da artista.


A quarta faixa, “... y vuelo”, é um grito por liberdade. Foi definida como primeiro single e ganhou um videoclipe inspirador. É a música que nos faz florescer a ideia de largar tudo, pegar um carro e sair pela estrada a viver. Já “Me Voy” é a despedida de um grande amor. É uma das mais “corta-venas” do disco, estilo de música que o público da cantora ama.


“Llega el Momento” traz os ventos do sul, o calor do Mediterrâneo e uma Vanesa diferente. Com pegada funky e trechos em português, a faixa marca uma segunda etapa do disco, mais ousada e alegre. Dá até para imaginar Vanesa em uma pista de dança ao som do trecho “rebolando desse jeito, vou me apaixonar. Maluco com você, você vai me matar”.

Em seguida, a artista volta às baladas românticas com “Eterno”. É uma das canções mais sensíveis desse novo projeto e deve ganhar boa projeção nos palcos. Já com “Tu No Tienes Que Cuidarme”, Vanesa retorna a face pop e “Todo Cambia” traz ares da música folk e country na melodia. São dois grandes acertos de “Siete Veces Sí”.


“La Huella”, que já havia sido mostrada ao público antes do lançamento, concorre com "Me voy" e “Eterno” quanto as as musicas mais inspiradas do disco. Acompanhada somente por uma guitarra em boa parte da canção, a faixa também promete crescer muito nos palcos.


“Seis Puertas” prepara o público para o final do álbum. Tem pegada soul e clima de trilha sonora de filme ambientado nos anos de 1980. Já começamos a sentir o gostinho de quero mais, principalmente pelo suingue precioso que a música apresenta e a vontade de ouvir mais dessa Vanesa que explora novos ritmos.


Por fim, “La Escalada” encerra o disco como ele merece, com o clima lá em cima. Traz paixão e desejo em uma sonoridade pop, além de propor, mais uma vez, o desejo de subir o mais alto possível e viver.

Vanessa disse que o disco pode ser definido como “forte, inspirador e vital”. E nós só podemos concordar, além de acrescentar outras palavras-chave, como amor, sentimento e a busca por liberdade.


Vanesa também contou que parte das músicas foram compostas durante a quarentena quando ela colocava música e bailava sozinha. Essa pode ser a explicação por ter músicas dançantes, como “Llega El Momento”, “Tu No Tienes Que Cuidarme”, “La Escalada”, mais que em trabalhos anteriores.


Ainda é possível notar a preocupação da artista e equipe em produzir um disco com sonoridade de “ao vivo”. Em trabalhos anteriores, ficava evidente que a apresentação ao vivo de Vanesa “engolia” a versão de estúdio. E não porque as gravações eram ruins, mas sim, porque a artista é visceral.


Vanesa Martín, como a própria disse na coletiva de imprensa, tem um jeito próprio, fruto da dificuldade dos outros em enquadrá-la em um espaço, ora mais pop, ora mais "cult". Sorte a nossa de poder escutar a originalidade dessa mulher andaluza que conquista, cada vez mais, fãs fora do seu país natal.

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