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Crítica: "De Volta aos 15" é uma viagem ao passado

O que você faria se pudesse voltar no tempo e mudar o rumo que a sua vida tomou? É isso que acontece com Anita. Aos 30 anos, ela está bem longe da vida dos seus sonhos. Morando em um apartamento bagunçado em São Paulo, tendo como única companheira a sua gata Amelie e bem distante de ter o futuro brilhante que ela imaginava quando saiu da sua cidade natal, a pacata Imperatriz.


O novo lançamento brasileiro da Netflix, De Volta aos 15, chegou na plataforma no último dia 25 e é uma adaptação do livro de mesmo nome da autora e influenciadora digital Bruna Vieira. Com nomes como Maisa, Camila Queiroz, Bruno Montaleone, Klara Castanho e Mariana Rios no elenco, a produção chegou conquistando números importantes e já ocupa a nona posição no ranking mundial da plataforma. Confira a nossa impressão sobre a nova série do momento!



Podem entrar, emos!


Se no auge da sua adolescência você curtia escutar Pitty, Charlie Brown Jr e dançar Tô nem Aí da Luka sem controle nenhum, essa série é feita para você! De fake no Orkut, passando pelo Flogão e até os sons do lendário MSN, tudo isso você encontra representado na série, trazendo a história e os aspectos da vida da jovem Anita (vivida por Maisa) pra bem perto da nossa realidade.


Bem, e daí você pode imaginar uma trilha incrível, com referências gritantes à cultura e moda emo. Realmente um prato cheio para dar aquele clima de nostalgia que faz nossa atenção ficar completamente presa aos seis episódios do seriado.



Dupla de protagonistas


Maisa e Camila Queiroz são um show à parte. Foi uma aposta muito acertada e, no final, as duas acabaram dando o mesmo jeitinho para a Anita, fazendo com que a gente realmente acredite que ela está constantemente viajando no tempo e tendo que lidar com as consequências das suas intervenções no passado.


Além da interpretação, a caracterização foi um processo muito importante. O cabelo cacheado e o marcante All Star rosa estão presentes em várias das cenas e mostram como a personagem, mesmo com o passar do tempo, ainda vive a sua essência enquanto jovem. Afinal, esse é um ponto bem importante.



Nas idas e vindas do futuro, a gente percebe que a Anita vai amadurecendo e resgatando alguns dos sentimentos e ensinamentos que ela tinha aprendido ao longo de sua juventude. Como por exemplo, a ausência do seu pai em casa – já que ele sempre estava viajando a trabalho – e a importância da sua mãe, que sempre esteve presente na criação dela e da sua irmã.


Ver esse amadurecimento das duas fases ao longo da série é bem bacana e, claro, evidencia a sinergia que a dupla de protagonistas teve durante a série.


Representatividade importa (e muito)


Dentro e fora das telas, De Volta aos 15 acertou muito na escolha do elenco. E como já falamos na crítica de Inventando Anna, não é algo forçado e que parece estar ali só para cumprir tabela, pelo o contrário. As cenas abertas, em que aparecem vários jovens na escola, sempre trazem a diversidade que sempre foi pedida para as produções. Em destaque, claro, a atriz e roteirista da série Alice Marcone, que interpreta Camila.




Na série, Camila é uma mulher trans que viveu toda sua adolescência tentando sobreviver em uma cidade do interior onde o pensamento era completamente retrógrado. Quando jovem, ela é interpretada pela Pedro Vinicius. A atriz, que é uma pessoa trans não binária, interpreta a personagem enquanto ainda é César. E é realmente muito importante trazer essa personagem para a série e se aprofundar mais nessa questão tão importante. Mais importante ainda, é ter convidado duas atrizes trans incríveis para ocupar esse papel.


Brecha para uma próxima temporada


Se você me perguntasse, eu diria que De volta aos 15 ainda não terminou. A primeira temporada deixou uma baita ponto para a continuação do seriado que, embora ainda não tenha sido anunciada oficialmente, já tem o início bem definido. De Paris, a Anita de 30 anos com a vida perfeita precisa lidar com o fato de que talvez ela não possa mais voltar para o passado para consertar um erro irreparável.


A gente espera o anúncio oficial para seguir acompanhando a história da Anita – do passado e do futuro.



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Quer saber nossas impressões sobre diversas obras das mulheres na cultura? Cinema, música, literatura, teatro e muito mais. Tudo isso, duas vezes por semana, na categoria “Crítica”.

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