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Crítica: “A Lenda do Cavaleiro Verde” e a busca por uma vida honrosa

Sendo bem sincera com vocês eu só fui assistir A Lenda do Cavaleiro Verde por causa do Dev Patel, mas no fim acabei achando que valia falar mais um pouco sobre a nova produção da A24 – produtora conhecida por estar atrás dos incríveis Hereditário (2018), Midsommar (2019), Moonlight (2016) e Lady Bird (2017).


A trama é uma adaptação de um conto arturiano e foi roteirizado e dirigido por David Lowery. Durante o filme, acompanhamos a história do jovem Gauvain e a sua busca insana por um propósito e uma vida recheada de honras. No elenco, nomes como Alicia Vikander, Barry Keoghan e Sean Harris também se destacam, mas é inegável que a trama é completamente baseada no personagem interpretado por Patel e todos os outros são meros coadjuvantes de sua história. E, já que o primeiro ponto positivo do filme foi ser protagonizado por um homem lindo, vamos começar justamente por ele.



Dev Patel


Os amantes da Marvel já devem ter escutado a máxima: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Eu acho que Gauvain, personagem de Dev Patel, não teve ninguém para dizer isso para ele. O personagem é sobrinho do Rei Arthur (sim, esse mesmo que você está pensando) e vive às sombras da sua família. As noites de curtição pelos bordéis da cidade contrastam com a imagem de (quase) cavaleiro que ele deseja passar. Bem, no final ninguém cai muito nessa.


Embora tenha o afeto do tio, o jovem ainda não sabe muito bem qual seu propósito e qual caminho seguir, mas tudo muda quando em uma noite de natal o Cavaleiro Verde surge e propõe um desafio para o rei. Um de seus honrados homens precisa ter a coragem de desferir um golpe no cavaleiro, qualquer um. Porém, 365 dias depois o homem precisa reencontrá-lo para que ele possa desferir o mesmo golpe.



Daí você já deve ter ligado os pontos. O jovem sem perspectiva e que precisa se provar de alguma forma se oferece para cumprir esse desafio e precisa lidar com as consequências de seu ato um ano depois. Esse é só o ponto de partida para uma jornada que, ao meu ver, se encaixou perfeitamente com o jeito desengonçado que Dev Patel deu ao seu personagem. De fato, Gauvain é um jovem de palavra e, após o período estipulado, enfrenta seu destino indo encontrar o Cavaleiro Verde. Mas não com a graciosidade que você possa estar esperando. Ele, que tampouco era cavaleiro, precisa lidar com a vida fora das muralhas do castelo e encontra pessoas e histórias que, finalmente, começam a te dar algum propósito.


No geral eu gostei muito do Patel nesse filme. De fato, eu já tenho um apreço pelo ator desde quando ele ainda era um jovem tentando ser milionário. Mas eu acho que a imagem dele e a interpretação caiu muito bem ao personagem. Ele soube construir as características certas para dar o tom desesperado/não sei o que estou fazendo/calma, acho que agora já descobri para o personagem. E, claro, temos que levar em consideração que é o rosto dele que você vai ver na tela em grande parte do longa.


Uma vida de… honras?


Os desejos do Gauvain são, de certa forma, simples. Ele almeja viver honrada vida de um cavaleiro, se tornar respeitado e trazer mais dignidade para a sua família. É claro que, para viver essa vida, ele precisa fazer algumas escolhas tanto em sua jornada para encontrar o Cavaleiro Verde como em sua vida pessoal.


E tudo isso só nos mostra, na verdade, que por mais que ele deseje uma vida de honras, ele irá se trair e trair aqueles que ama na primeira oportunidade em nome do seu grande objetivo. Ao mesmo tempo em que ele ajuda o fantasma de uma mulher morta em sua própria casa, ele não assume a mulher que ama por ela ser uma prostituta.



No final, o que fica evidente é que ninguém é 100% bom ou 100% mal. Gauvain é a prova vida disso. Ele vagou o mundo em busca de um propósito, em busca de algo para poder se cobrir de poder e se deleitar em glória, mas acaba repetindo erros que ele mesmo julga como errados ou imorais.


No fim, o que espera o protagonista dessa história é algo bem mais honroso do que o trono. Ele cumpre a sua palavra e aceita o seu destino, mesmo que isso lhe custe o seu bem mais precioso.


O que eu mais gostei x O que não gostei


De forma geral eu gostei do filme como um todo. Confesso que me perdi em algumas partes e em outras nem tento entender o sentimento de “?????” que surgiu na minha cabeça. Óbvio, o filme é construído em metáforas que permeiam a vida do que poderia vir a ser um grande cavaleiro em sua brilhante jornada.


Entretanto, eu acho que o filme poderia ser um pouco mais amarrado ou, colocando em outras palavras, um pouco mais aberto com o telespectador. Com certeza a escolha da direção era te fazer ficar inerte a história, tentando entender cada pequeno aspecto. O que significa aquela raposa? Quem são aqueles gigantes? Qual é realmente o final dessa história? Essas dúvidas se fazem presentes durante o filme e algumas continuam na minha cabeça até agora.



Do lado positivo, o filme é lindíssimo. Realmente uma obra de arte! E o mais legal é perceber que as cores escolhidas contam a história. Os tons selecionados para cada cena fazem parte do que o personagem está vivendo, qual sentimento ele está sentindo, qual pensamento ele está tendo naquele momento. Tudo isso cria uma atmosfera que te coloca dentro do filme, se não dentro da cabeça do personagem principal. Com certeza algo que até ameniza os pontos negativos que enxerguei e citei acima.


Por último (mas não menos importante), ver o menino Dev em cena é sempre muito bom. E, principalmente nessa história, a versatilidade dele como ator foi elevada a níveis incríveis. Realmente valeu a pena dar play na história e conferir mais esse trabalho do ator. Pra quem quiser assistir a história e dar o seu próprio veredito, o filme está disponível para assinantes de qualquer pacote do Prime Vídeo.



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