Crítica: "Stranger Things 4" e tudo o que achamos da nova temporada
A gente nem consegue explicar a animação que é ter "Stranger Things" de volta! Desde que uma das maiores séries da Netflix lançou a sua última temporada, em 2019, muita coisa aconteceu. Naquela época, por exemplo, nem tinha o Telas Por Elas para descrever o que amei e o que não gostei tanto nos episódios. Por sorte, isso é passado.
Como vocês sabem, "Stranger Things" divulgou a primeira parte da 4ª temporada na última sexta-feira (27), com sete episódios especialmente longos. Como boa fã, já tinha devorado tudo no dia seguinte, corri para rever a série — estou no começo do 2º ano — e pesquei algumas coisas que ainda carecem de explicação (o que é normal, já que "Stranger Things" ainda tem dois episódios da 4ª temporada e toda a 5ª parte).
Como a série é a única coisa que ando pensando nos últimos dias, separei pontos negativos e positivos da estreia da Netflix — COM SPOILERS!
Ainda faltam muitas respostas
De novo, sei que a série não acabou, mas preciso deixar essas muitas dúvidas aqui. Afinal, Eleven (Millie Bobby Brown) criou o Mundo Invertido? Por que o universo paralelo está preso em 1983, se Vecna foi enviado para lá em 1979? O Laboratório de Hawkins planejou o nascimento de Eleven e de todas as crianças, com exceção de 001? E, afinal, por que Henry Creel / 001 / Vecna é todo poderoso?
Muitos falaram que essa seria a temporada das respostas, mas se você parar para pensar, a única coisa que ficamos sabendo com muitos detalhes é o passado de Vecna, que é um vilão que só foi introduzido na 4ª parte. Por isso, perguntas do passado não foram muito o foco. Espero que essas questões sejam muito bem explicadas e não fiquem à mercê do acaso. Eu confio nos Duffer Brothers, mas temos que admitir que, até agora, não tivemos nenhuma explicação coesa, então, não sei o que esperar.
Will precisa ser melhor aproveitado
Quantos episódios teremos que ver com Noah Schnapp no banco de reserva? O ator é muito talentoso e o seu personagem, Will, renderia ótimas histórias. Mas ele sempre fica lá, meio sem propósito. Na 1ª temporada é sequestrado e mal aparece, na 2ª possuído, na 3ª ainda lida com os traumas e se sente excluído dos amigos e, agora na 4ª, vive segurando vela. E falando em segurar vela, vamos ver mais dessa história com Mike (Finn Wolfhard)? O próprio Noah afirmou, em entrevista à Variety, que não sente necessidade de rotular Will como LGBTQIA vnnnnnnn+. Tudo bem! Ninguém é obrigade a definir a sua sexualidade, mas precisamos entender o que se passa na cabeça de Byers — ainda na 4ª temporada, de preferência. Will merece destaque!
Turma de Hawkins carregou a temporada
Nos novos episódios, vemos o nosso elenco mais dividido do que nunca. Enquanto parte está na Califórnia, outra metade está em Hawkins e ainda temos um trio na Rússia. Nessa confusão, Eleven e Hopper (David Harbour) estão ainda mais separados, passando grande parte da série sozinhos. Acho que, pelo menos por enquanto, não conseguimos ver o desenrolar de todas as histórias. O pessoal da Califórnia, por exemplo, nem chegou perto do Mundo Invertido — talvez só Jonathan (Charlie Heaton) e Argyle (Eduardo Franco), que passam a maioria dos episódios chapados, tenham tido um vislumbre de um universo paralelo.
Então, o grande destaque da temporada vai para o time de Hawkins, que enfrenta o vilão na cara, faz descobertas super relevantes, exploram novas relações — a união de Nancy (Natalia Dyer) e Robin (Maya Hawke) e o surgimento de Eddie (Joseph Quinn), por exemplo —, viajam ao Mundo Invertido e muito mais. Propositalmente não vou mencionar o clima entre a irmã de Mike e Steve (Joe Keery) porque acho que não curti isso e não estou pronta para o término com Jonathan.
"Stranger Things" apresentou o seu melhor vilão
Se teve uma coisa que os Duffer Brothers prometeram e entregaram foi o maior vilão de toda história de "Stranger Things". Vecna não é apenas um animal, ele é (ou foi) um ser humano frio e cruel. Apesar de não sabermos desde o começo da humanidade do monstro, isso fica evidente, afinal ele tem o formato do corpo humano e, claro, ele fala — diferente de qualquer outro vilão. Além disso, Vecna usa os seus maiores medos contra você mesmo e tem um passado super complexo, que é explicado em um monólogo do próprio personagem, no final da temporada. Sério, um dos super pontos altos da série.
O ator Jamie Campbell, responsável pelo vilão, contou à Variety que, entre os takes, ficava em uma sala escura, já caracterizado de Vecna para entrar no personagem e, nessas horas, até o próprio Jamie ficava com medo! Então, tudo bem ter mais de 20 anos e ter ficado tense com o vilão, ok?
Música de Kate Bush marcou série
Não é surpresa para ninguém que "Stranger Things" se passa nos anos 80 — isso fica bem claro com as roupas e os eletrônicos. Mas sentia falta de alguma referência mais explícita, que marcasse os episódios. Além de cenas idênticas a filmes da época, como "De Volta para o Futuro", a nova temporada traz a música de Kate Bush, "Running Up That Hill", que bombou em 1985. Essa foi a grande sacada dos Duffer Brothers e para provar o sucesso da escolha, a faixa voltou para o Top 5 Global do Spotify, 37 anos depois de ser lançada, e o aumento de pesquisa pela cantora no Youtube foi de 800%, segundo o Deadline. É um mergulho no tempo muito necessário, que às vezes faltava no roteiro.
A 2ª parte da 4ª temporada será lançada em 1º de julho, com dois episódios. Mas, pode ficar calme, porque a season finale tem mais de duas horas de duração E os criadores já confirmaram que Kate Bush retorna para a trilha sonora!
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