Crítica: "Para Todos os Garotos" chega para amarrar as pontas soltas
Para Todos Os Garotos: Agora E Para Sempre é o terceiro e último filme da série de livros adaptada pela Netflix. O longa estreou nesta sexta-feira (12), aproveitando o Valentine’s Day lá das terras gringas, e traz o desfecho do romance entre Lara Jean (Lana Condor) e Peter Kavinsky (Noah Centineo). Quer saber se vale a pena assistir a Para Todos Os Garotos Que Já Amei 3? Então confira a nossa resenha!
Olha… Eu não sei direito por onde começar essa crítica. Para Todos Os Garotos Que Já Amei é aquela franquia clichê de comédia romântica a que assistimos para espairecer, se distrair um pouco ou imaginar um mundo de possibilidades para nossa vida amorosa. Ninguém chega aos filmes da série esperando algo mirabolante ou um plot twist digno de Oscar; não é essa a proposta. O que posso dizer, simplesmente, é: o terceiro longa amarra todas as pontas e traz algumas discussões pertinentes sobre amadurecimento.
Todos os clichês estão ali: baile, viagem de formatura, estresse da faculdade… Lara Jean e Peter devem passar pelo fim do ensino médio e decidir em qual universidade estudar, e daí suscitam várias questões esperadas, como a distância e o medo do término do relacionamento. Achei o terceiro filme menos irritante que o segundo (porque esse aí, meu Deus, deu vontade de pagar uma terapia para Lara Jean e Peter urgentemente), mas o primeiro continua sendo, em disparada, o meu favorito. É bonito ver o fechamento da história de amor do casal, mas parou por aí mesmo. Você termina o filme e segue com a sua vida, nada memorável.
A trilha sonora de Para Todos Os Garotos: Agora E Para Sempre chamou bastante atenção na Internet, e tem muita gente por aí pesquisando os nomes das músicas. Ela segue a fórmula dos outros filmes, buscando os hits em alta do momento para dinamizar as cenas. Parece que a receita de bolo funciona, já que as pessoas estão renovando suas playlists no Spotify, mas…
Algumas cenas são certeiras, como a trilha da viagem para Nova York, já outras trazem faixas avulsas que estão ali apenas para agradar e ser pop. Um exemplo ótimo é o rap de Lisa em Pretty Savage na cena em que Lara Jean arruma as malas. Uau! Faz total sentido ter uma música sobre ser uma fodona enquanto você se prepara para viajar. Afinal de contas, a Lara Jean é a definição de “pretty savage”, aham. Sei.
Eu achei essa cena tão gratuita estilo “estou tentando agradar demais” quanto quando inseriram Kill This Love no filme anterior. Sim, produção, o BLACKPINK é o artista mais quente entre os jovens agora, mas se acalma aí, por favor. Por outro lado, o pano de fundo com Gee, do Girls’ Generation, na sequência inicial em Seul, foi uma escolha interessante. Não esperava que non-kpoppers soubessem da existência de grupos da segunda geração — já que hoje em dia aparentemente só existe BLACKPINK e BTS.
Outra questão técnica que me incomodou bastante foram os cortes e transições bruscas de cena. Dava para notar que o diretor queria algo legal e dinâmico, mas alguns momentos foram rápidos demais. Tem uma parte, por exemplo, em que Margot (a irmã mais velha) comenta sobre o medo da presença da mãe delas sumir com o casamento do pai, aí isso se conecta com a volta da viagem de Nova York, com um encontro da Lara Jean com o Peter e, depois, conclui-se com ela na cozinha fazendo biscoitos. Fiquei até sem fôlego descrevendo essa sequência, para vocês entenderem.
Claro que não é de todo ruim: merece uma menção honrosa a sequência em que Lara Jean termina com o Peter debaixo das cobertas, e a manta é levantada para mostrar o dia seguinte com as amigas. Contudo, lembrando que Para Todos os Garotos Que Já Amei é um livro, divisórias evidentes assim em filmes denunciam que esta não é uma adaptação bem-sucedida, porque não deveria ser normal você notar no audiovisual onde termina e começa cada capítulo da obra original.
Veredito: somente para fãs ou distrações
Acho que a regra de ouro para curtir qualquer filme da série Para Todos Os Garotos Que Já Amei é: assista quando estiver no clima. Não adianta ver com altas expectativas; é uma comédia romântica e isso apenas. Vale lembrar que, como ela aborda o cotidiano de jovens saindo do ensino médio e indo para a faculdade, a faixa etária também deve ser considerada.
Não existe uma verdade universal, claro: minha mãe, com seus [censurado] anos de idade, amou a história. Mas eu, particularmente, estou cansada de histórias “coming of age” porque elas saturaram para mim — pelo menos, no momento. As questões embutidas nessa temática (primeira vez, amadurecimento, medo de sair do ninho…) estão lá, você pode se emocionar e se identificar com elas, ou só pensar “uau, superei tudo isso há séculos”.
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