Crítica "La Casa de Papel": erros e acertos da nova temporada
Essa crítica contém spoilers, ok?
Na última sexta-feira (3), a primeira parte da última temporada de "La Casa de Papel" chegou à Netflix para a alegria de muitos fãs. Não à toa, termos relacionados à série foram para os Trending Topics do Twitter e a produção ficou no Top 1 da plataforma no Brasil - alcançando o Top 10 em mais de 80 países. O sucesso da história é inegável e, apesar de algumas inconsistências das últimas partes, a narrativa continua muito boa.
Continuamos nesta quinta parte um pouco depois da morte de Nairóbi (Alba Flores) e alguns segundos após o Professor (Álvaro Morte) ser capturado pela ex-inspetora Alicia Sierra (Najwa Nimri). Como de costume, a temporada traz alguns erros e outros grandes acertos, que separamos aqui nesta crítica.

Erro #1: cadê o Rio?
Senti muita falta do Rio (Miguel Herrán) nessa nova temporada, principalmente levando em conta que o grupo só está ali porque foram salvá-lo. Ele tem pouquíssimas falas, quase não impacta no decorrer das coisas e, apesar de não ser um personagem perfeito (ninguém é, por isso a história é tão legal), é um dos mais simpáticos e queridos. Se tirassem algumas cenas da Estocolmo (Esther Acebo) pirando por ter matado uma pessoa - que ela nem tem certeza que morreu - daria pra encaixar mais do Rio, por exemplo.
Erro #2: muita cena de ação
Tudo bem que trocas de tiro e cenas de ação fazem parte de "La Casa de Papel", mas talvez essa quinta parte tenha pecado pelo excesso. O momento em que os reféns conseguem se rebelar, então, até agora não ficou muito bem explicado - pelo menos pra mim - e acaba sendo chato, porque apesar deles conseguirem um monte de arma e bomba (dica: não deixar o arsenal desprotegido), não é a mesma tensão do que uma troca de tiros com a polícia ou com o exército.
Erro #3: personagens novos deslocados
Tentando entender até agora por que adicionaram dois personagens para aparecer apenas em flashbacks e que não acrescentaram em nada na história atual. Com o Berlim (Pedro Alonso) já era um pouco chato às vezes, mas por ser uma pessoa muito importante para a série, acabava valendo. Mas o ex da Tóquio (Úrsula Corberó) e o filho de Berlim, para mim, ficaram bem deslocados.

Miguel Ángel Silvestre, ator de René, é incrível mas sua adição parece que foi só para originar uma frase bonita ao final. Porém, Úrsula Corberó deu indicações que quer ver mais do passado da personagem em um spin-off... Será?
Erro #4: a maternidade mudou Alicia?
A mudança na relação entre Professor e inspetora foi da água para o vinho sem uma explicação convincente. Entendo que o Professor salvou a vida dela e ela se viu abandonada pela polícia - tudo faz sentido. Só que ela é a mesma psicopata que tortura pessoas enquanto está grávida, sem nenhum problema. Ela realmente iria ficar lá, solta, cuidando do bebê e trocando dicas de nome com Lisboa (Itziar Ituño) pelo rádio? Muito forçado. Pareceu quase que a maternidade tocou o coração dela, o que é simplório e cafona para uma personagem tão complexa.
Agora, vamos aos acertos...
Acerto #1: liderança da "Professora"
Quando o Professor é capturado, os ladrões ficam sem referência e, por isso, é mais do que natural que alguém assumisse a liderança. Estava com medo de ser o Palermo (Rodrigo de la Serna), que já teve o momento dele, mas quem realmente vai pra frente é a Lisboa - o que faz todo sentido, já que ela sabe bem como funcionam as coisas do lado de lá. É difícil ainda entender como ela abandonou tudo pra se aventurar nesse roubo, mas sem dúvidas a personagem não se limitou mais ao Professor, o que quase aconteceu na última temporada.
Acerto #2: perseguição final
Se a briga com os reféns foi chata, a "luta" final quando o exército invade o Banco da Espanha pelo teto é incrível. Até a forçação de barra em que Tóquio pega uma granada no ar (!!!) e devolve aos inimigos foi legal. O momento é cheio de tensão, bem característico do que víamos anteriormente em "La Casa", que nos deixa pensando: "meu Deus, como eles vão sair dessa?". Em compensação, poderia ter sido a única cena de ação da temporada toda.
Acerto #3: relação Denver e Manila
Já comentamos algumas questões de Manila, como o fato da personagem trans ser interpretada pela atriz cis Belen Cuesta. Mas, sem dúvida, conhecer mais sobre a relação da jovem com Denver e ver a amizade entre os pais de ambos foi bem legal. No final, o pai de Manila desconstruído falando que cor não define gênero é um dos pontos altos da temporada, só porque é muito fofo.

Acerto #4: morte de Tóquio
Eu nem era grande fã de Tóquio, mas sua morte foi um impacto inegável na série. Bem triste, mas mesmo assim, um acerto grande da temporada. Tudo sobre a cena foi incrível, o discurso, a forma que ela morreu e, claro, quem ela levou junto. Agora uma dúvida é: como "La Casa de Papel" vai dar continuação a última parte sem a narradora e com a perda de outra personagem feminina tão forte? Lisboa e Estocolmo vão dar conta dessa responsabilidade?

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