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Cinéfila de comédias românticas

"Eu com certeza já assisti o dobro de filmes que uma pessoa que se considera cinéfila já assistiu, mas a maioria deles eram comédias românticas"


Acordei com uma vontade incontrolável de assistir um filme com o maior número de clichês possíveis. Sim, hoje é um domingo nublado, como adivinhou? Eu aprecio muito a ideia de que um “comfort movie” tem o poder de melhorar nosso humor. E bom, todos os meus se encaixam na categoria comédia romântica. No fundo, todo mundo gosta de um bom clichê. Mas por que será que confessamos isso como se fosse errado? É um questionamento que costuma me atormentar.


É claro que filmes assim normalmente envolvem diversas problemáticas sociais e raciais, mas será que é mesmo por isso que os julgamos como filmes ruins? A minha teoria é que, inconscientemente, tratamos como inferior tudo aquilo que foi rotulado como exclusividade do universo feminino. E daqui podemos tirar uma série de problematizações.


Podemos pensar também que talvez almejamos tanto a desconstrução do amor romântico que excluímos toda cultura que pode haver em filmes com essa temática. Mas será mesmo que queremos desconstruir totalmente esse conceito ou só aceitamos isso como escape para a rejeição? Li isso uma vez no Twitter e refletir a respeito me deixou menos culpada por consumir tanta comédia romântica.


Nomes como Jennifer Aniston, Anne Hathaway e Julia Roberts estrelaram filmes nesse gênero, então tem que ter muita coragem para não reconhecer culturalmente essas produções. E particularmente falando, algo considerado “coisa de mulher” dificilmente será ruim.



Eu com certeza já assisti o dobro de filmes que uma pessoa que se considera cinéfila já assistiu, mas a maioria deles eram comédias românticas. Acho que sou uma cinéfila de comédias românticas, uma vez que já assisti quase todas as existentes.


Acredito que, em dias ruins, de alguma forma precisamos fugir da realidade. A realidade de relacionamentos difíceis, de frustrações profissionais, da solidão que não sabemos lidar. E ora, que mal há nisso? Clichês não precisam ser sempre ruins. Domingo nublado, comédia romântica com brigadeiro. Nossa vida também pode ser um clichê. Só precisamos parar para observar.


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Textos não jornalísticos, para falar de manias, da vida, de amores... E todas as outras coisas o coração.

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